Somos o que somos e chegamos tão longe graças à capacidade de aprender. Não existe vida se não aprendermos. Então, porque geralmente nos preocupamos com a aprendizagem das crianças quando elas iniciam o processo de alfabetização? Se na verdade, um bebê já precisa aprender?

Pela necessidade que temos em aprender, o nosso cérebro começa desde cedo a desenvolver áreas que facilitam esse processo. Com as habilidades importantes de linguagem, memória, atenção, imitação, por exemplo, uma criança aprende e absorve muitas informações importantes. E tais habilidades podem ser observadas e estimuladas desde muito cedo, você sabia? E além delas se desenvolverem desde cedo, elas são como uma base para o cérebro e norteiam o desenvolvimento de habilidades mais complexas. Por isso, precisamos olhar para os processos de aprendizagem com cuidado e auxiliar a criança no desenvolvimento considerando que antes mesmo dela ir para a escola e, mais ainda, muito antes dela iniciar a alfabetização, ela precisa dessas bases muito bem estruturadas. 

Aprender precisa fazer parte do dia-a-dia, isso significa que a responsabilidade em conduzir a criança na aprendizagem é da família, da escola e de todos que a cercam. Não apenas da escola. O que muda são as formas disso acontecer, dependendo do ambiente. Cada um tem um jeito de ensinar e um método. A escola tem um e a família não precisa imitar o método da escola. Vocês, em casa, podem desenvolver outros modos de aprender. Aproveitar os passeios, eventos culturais, museus, parques, espaços da casa, do quarto da criança e tudo que faz parte da história e dos interesses da família para que a criança aprenda. 

Faço então um convite para você, mesmo tendo um filho ainda pequeno, estimular essa base tão fundamental para o cérebro se desenvolver. Veja algumas dicas a seguir:

Promova momentos de conexão entre vocês. A aprendizagem tem a ver com sobrevivência e parceria. Por isso, se coloque na posição de parceiro da criança, tentando ver o mundo a partir da perspectiva dela. Dessa maneira ela vai entender que você é um parceiro que ao mesmo tempo que a guia em seu desenvolvimento, permite que ela faça as próprias descobertas. Quando lidamos com crianças, isso precisa ficar bem claro. Então, deixe claro em suas atitudes e na sua fala, sempre repetindo que vocês são parceiros, que ela é uma criança muito capaz, que você aprende muito com ela. Diga isso sempre!

Aprender precisa de prazer. Então, nada de ficar forçando a criança a aprender aquilo que você quer, do jeito que você quer. Partindo da conexão, você vai perceber que nem sempre o seu planejamento aconteceu. Às vezes, a criança escolhe outros meios, outras formas de desenvolver uma tarefa. Isso pode ser olhado como algo positivo, como uma contribuição dela e, ao mesmo tempo, o adulto vai contornando as situações, e fazendo as contribuições. De um jeito prático, vamos supor que na hora do banho você aproveitou para ensinar as partes do corpo. Só que a atenção dela está voltada para o movimento que as gotas de água fazem no vidro do box. Você pode forçar a barra com ela e ficar chamando a atenção dela para o que você diz ou pode embarcar nessa descoberta e trazer ideias novas, como qual gota é mais rápida ou mais devagar, inventar famílias de gotas e por aí vai. Se você forçar a barra, a criança, além de não achar divertido, não focará a atenção, não memorizará as informações e logo, essa informação que você tanto insistiu em ensinar, se perderá. Ou seja, ela não aprendeu. Portanto, aproveite o que a criança te traz! Além de ser prazeroso, ela se sentirá cada vez mais capaz de fazer as próprias descobertas e análises.

 

Tenha a repetição como sua aliada! Isso quer dizer que se você vai compartilhar com ela algum tema ou conceito, para que ela aprenda, você terá que repetir aquilo muitas vezes e em situações diferentes. Como por exemplo, falar sobre animais. Você pode ver os animais no zoológico, nos livros, nas brincadeiras, fazer desenhos, inventar histórias, imitar os sons dos animais, criar brincadeiras simbólicas com esse tema. Tudo isso vai fazer com que a informação grude no cérebro e passa a ter muito sentido.

 

O contexto é essencial. E contexto é estar dentro de uma relação que faça sentido. Voltando ao exemplo dos animais, se você pedir para a criança apontar para uma figura e dar o nome do animal, apenas isso, inúmeras vezes, sem estar dentro de uma brincadeira, de uma história ou ali, ao vivo e a cores, isso não fará sentido para ela. O cérebro aprende coisas que façam sentido, que possam ser usadas no dia-a-dia, que consigam se colar a outras informações que já existem lá. Por isso, se você pede para a criança repetir ou insiste em passar informações descontextualizadas, a chance da criança aprender de verdade é muito reduzida.

 

A criança precisa experimentar! Saiba que não é porque a criança repetiu uma informação que ela de fato aprendeu. Uma criança pode saber muito cedo contar até 20, falar as letras do alfabeto ou dizer inúmeras informações, sem ter aprendido de fato cada um desses conceitos. Então, a garantia de que a criança aprendeu é quando ela consegue acessar a informação não apenas para repetir e sim para aplicar aquilo em diferentes situações do dia-a-dia. Os números por exemplo, não basta repetir a sequência, é preciso entender o conceito de quantidade. Afinal, para saber matemática, você precisa de muito mais do que apenas os nomes dos números, certo? Então, não foque na repetição. Foque no quanto a criança vai experimentar as informações, vivenciar e acessar em situações diferentes.

 

Criatividade! Ela precisa ser estimulada, independente da idade! Para isso, procure brincadeiras, atividades e momentos em que a criança possa dar a própria contribuição. Então, não direcione muito, não ofereça algo tão pronto. Permita que ela faça do jeito dela, de um jeito que precise usar a criatividade. Por exemplo, se for brincar de casinha, use um lápis como uma colher, ou mesmo uma colher de verdade. Na hora de fazer um desenho, estimule que ela faça do próprio jeito. Sabe aquela história de olhar para as nuvens e enxergar muitas coisas? Ensine ela a fazer isso! Seja criativo também!

Instagram